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...que a vida continua!

terça-feira, outubro 02, 2007

Debute III

Parece uma trilogia. Na realidade são bocaditos dos meus dias. Horas que ultimamente passo entre quatro paredes ou em reuniões. Encontros formais, em tudo, diferentes à monótona reunião da 6.ª feira a que assisti durante anos. Eu também, e escrevo porque sinto, estou diferente. Estou combativa e parece que, finalmente, o gémeo, que durante anos esteve em stand-by, começa a rugir.

Bramidos que são visíveis sob diversos ângulos. Arestas que começaram a ser limadas há quase cinco anos, quando tive de fazer uma das maiores opções da minha vida. Hoje, quando olho para traz, não consigo arrepender-me um minuto por ter feito tal opção. Lamento é que muitas mulheres ainda se acanhem a preconceitos de um povo que só quer/fala quando alguém dá o “grito do Ipiranga”, quando esse alguém põe para atrás das costas toda uma educação católica, conservadora, e se colocar a si em primeiro lugar.

Outros debutes se seguiram. “Estreias” sobre as quais não vale a pena escrever, mas que guardo com muito carinho. Uma dessas “inaugurações” foi quando, pela mão de dois companheiros de aventura (que já foram de trabalho), satisfiz um fetiche (no bom sentido, claro!). Nessa noite, em que percorri o Bairro Alto, fui até Alcântara e vi os primeiros raios de sol ofuscados pelo castelo de S. Jorge, fui transparente numa Uma noite alternativa, ou o ir e voltar a uma realidade envergonhada.

Nessa noite o compromisso para repetir ficou no ar! Dois(uas) compareceram à chamada e, desta vez, rumaram ao Pavilhão de Caça do Instituto Superior de Agronomia, ali para os lados de Alcântara. Destino: Lesboa.

Num espaço magnífico, onde o jardim convida a muitos encontros fortuitos e que os olhares dos mais puritanos censurariam, mulheres que amam mulheres lá estavam, naquela que é, para muitos, uma festa de lésbicas. Vestidas de branco – ok… há sempre excepções – mulheres buscavam, quem sabe, um novo amor, um novo rumo para as suas vidas. Também poderiam estar apenas e só movidas pela curiosidade…

Homens também haviam. Hetero, bi ou quem sabe metrosexuais lá estavam - alguns eram de dar a volta a cabeça, mas... "não há bela sem senão". Eu também lá estava e mais uma vez constatei a extrema simplicidade das coisas. De sentimentos verdadeiros, mas que a sociedade pune, serem exibidos sem preconceitos.

Numa noite que começou tarde – desculpa – e de um jantar que serviu de ponto de encontro e de “troca de cromos” ou mesmo de desabafos, não podia esquecer a música. E, as viagens que fiz (mentais) pelos anos 70 recordaram-me as séries de televisão dedicadas à Guerra do Vietname, as músicas que os meus pais os primos faziam tocar através da agulha que corria ligeira sobre o disco de vinil. Porque nunca me senti excluída, nem olhada de modo diferente (e não vestia uma única peça branca) prometo regressar para mais uma noitada entre gente que muitos apelidam de Diferente!