upa-pacima

...que a vida continua!

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Cerveja ou nata?

Este domingo ainda tentei resistir à tradição alfacinha: todos os fins-de-semana a população migra em massa para Belém e põe-se à porta dos pastéis. Filas e filas, intermináveis pedaços de gente ávida por um cartucho de papelão com seis pastéis lá dentro (passados dois dias, diga-se de passagem, os bolos já estão intragáveis...).
Depois do CCB - onde a Quadrante também estava apinhada (arre, que é de mais!) - ainda tive esperança nos pastéis. Mas acabei por ceder às filas e à curiosidade e ir mais à frente experimentar os de cerveja. Desengane-se quem pense que foi tarefa fácil.
Três empregados, umas dez mesas para servir, apenas cinco clientes ao balcão. Um dos empregados andava atrás do balcão, para aqui e para ali, com um jarro de água na mão, sem atender ninguém - devia ser o dono... O outro, mais atarefado, ora estava atrás do balcão, ora a limpar as mesas, acabava por não fazer uma coisa nem a outra. O último, ocupava-se a recolher os pratinhos que iam ficando e a levá-los para a copa. Pouco mais.
Mas o pior são mesmo os clientes:
- Queria dez pastéis de nata, dois chás e uma meia de leite.
- Pastéis de nata já só há dois... só se forem de cerveja - explicou o empregado.
- Não, não quero cerveja, são dois chás e uma meia de leite e os pastéis de nata.
- Pastéis de cerveja?
- Sim.
- Aqui estão os pastéis...
- O que é isso? Eu pedi pastéis de nata!
- Sim, mas de nata não há, já lhe disse.
- Olha! - grita o cliente para a mesa - De nata já não há!
- Então - respondem do meio da sala - pede duas torradas!
- Duas torradas, se faz favor - diz o cliente ao empregado
- Então aqui estão a meia de leite e os chás - diz o empregado
O cliente leva as coisas para a mesa e, no regresso, já vinha com a cabeça feita pela mulher
- Olhe: já pôs as torradas a fazer?
- Ainda não - disse o paciente do empregado
- Então não ponha, podem ser os pastéis de cerveja. Vamos experimentar.

Cinco clientes, cinco! E eu era o quinto! E só queria provar um pastel, um pastelinho que fosse. Tive de esperar quase 20 minutos para ser atendido. Por causa destes nhónhós (quem sabe se um dia não serei eu também igual a eles...) que não sabem o que querem. Para a próxima, meto-me na fila dos pastéis de Belém. Posso levar muito tempo a ter o proveito. Mas também terei a fama de os comer e não uns quaisquer pastéis de cerveja, inventados no início do século para enganar quem não queria ficar horas à espera nos "verdadeiros pastéis". Irra!