upa-pacima

...que a vida continua!

domingo, dezembro 10, 2006

Ditadores e Mulheres

No Chile, 91 anos depois de ter nascido, Augusto Pinhochet morreu “rodeado da sua família”. No país as opiniões dividem-se. Enquanto uns festejam a morte do homem que a 25 de Novembro assumiu a responsabilidade plena pelas tragédias do regime – “tudo em nome do Chile” -, outros choram o falecimento do “padre”.

Não sei o que é viver em ditadura. Viver sob um regime que mata ou faz desaparecer, castiga, persegue, proíbe… Mata, pura e simplesmente!

No entanto, e daquilo que consigo perceber, não tenho duvidas de que é preferível viver num país democrata, que elege os governantes de x em x anos. Mesmo quando esse país é Portugal. Um pequeno rectângulo onde, ao que parece, há corrupção em todos os sectores económicos, na política e sei lá mais onde. No entanto uma coisa é certa: as coisas parecem querer mudar e na frente dessa mudança parecem estar as mulheres.

Numa conferência, “fim de tarde”, da passada semana, Maria José Morgado incitava os presentes a denunciarem casos de fraude, de evasão fiscal, de falta de ética. Uma semana depois Carolina Salgado faz sair do prelo o livro “Eu, Carolina”. E, ao que consta – eu, tal como o Major Valentim Loureiro, ainda não li o livro -, põe a nu a sua relação com Jorge Nuno Pinto da Costa. Como num filme, Cândida Almeida, responsável pela DCIAP, vem a publico e informa o país que o livro “será lido e analisado para se ver se é necessário proceder a investigações para apurar a verdade dos factos descritos”.

Não sei porque estou a escrever isto, até porque era minha intenção falar sobre "ditadores"! Mas, não posso deixar de atender à coragem desta mulher que veio para a praça pública “lavar roupa”, quem sabe se de um (outro) “ditador made in Portugal”... Porque de facto já derivei para as mulheres, não posso deixar de confessar que gostei da entrevista que Maria Cavaco Silva deu à Visão.

Gostei de várias respostas. Particularmente quando Maria Cavaco Silva diz (…) “sou de centro esquerda”. E justifica: “A esquerda corresponde mais a um ideal de pouca concretização. Com a direita não me identifico, porque, apesar de não ter partido, tomo atenção ao que eles vão dizendo e fazendo e não me identifico com os de direita. De maneira nenhuma. […] Há determinados valores que me permitem dizer que sou de centro, porque são o fiel da balança, o equilíbrio da virtude. E de esquerda porque, como me sinto muito afastada do que os partidos de direita defendem, prefiro dizer que sou de centro-esquerda.”

Pois é… a mulher que questiona mais adiante “Mas porque é que os valores de família hão-de ser conservadores?” fala nem mais, nem menos, da matriz que Sá Carneiro defendia para o seu PSD.

Upa pacima que ainda vamos acabar com os ditadores e chegar ao poder”!